Trago hoje pra vocês uma entrevista muuuito especial, com o autor Bruno Godoi, sobre o seu último livro, "Solteiro Sofre Demais".
Eu li esse livro super rápido e adorei o estilo diferente que o autor usou para escreve-lo e fiquei muito curiosa para conhecer mais sobre essa obra e principalmente, saber o que dali era real, e o que era "inventado".
Vamos lá?
SINOPSE: Copacabana. Três solteirões numa república. Muita festa, muita pizza, muita bebida (sexo quase nada). Uma cadelinha pinscher chata. Filmes, videogame, super-heróis. Tudo isso misturado num livro recheado de histórias engraçadas com coisas de nerd. E claro, muita bobagem idiota. (Né nada! É tudo inteligente.)
- Como você teve a ideia de fazer do leitor o personagem principal e narrar a história toda como se fossem nossos pensamentos?
A ideia
surgiu da intenção de aproximar o leitor da obra. Para fazer com que o leitor
se sentisse como parte da história. Por isso a “história é sua”. E os temas
abordados no livro, tirando as piadas e bobagens, fazem parte do dia a dia de
todos nós; assim é muito fácil para entrar na ficção, sendo ela tão “real”.
Enfim, pra levar o leitor ainda mais para dentro do Larry James Lurex, usei a
Segunda Pessoa (Você) como opção narrativa.
- Todas aquelas experiências do livro foram fruto
da sua imaginação ou foram baseadas em experiências pessoais ou de pessoas
conhecidas?
Isso é bem
interessante de se questionar. Digamos que algumas coisas foram reais sim, ou,
pelo menos bem parecidas com as “aventuras” no livro. Agora indicar quais
partes não posso fazer rsrsrs. A ideia para construir os personagens veio de
pessoas reais também. Tipo o nome, característica física, comportamento etc.
Esses detalhes vieram do mundo real, mas de forma muito distorcida, claro, pra
se criar o efeito cômico nos personagens, né?
- Homens realmente pensam da forma como eu como
personagem do livro pensei? Existem realmente todos aqueles arquivos?
Bom, como eu
disse na introdução do livro: “É tudo real, porém grande mentira”. Agora
digamos que nosso cérebro é a máquina mais potente do universo. Nossos sentidos
captam infinitas possibilidades por segundo,correto? Então eu diria que sim.
Temos, de alguma forma, “arquivos” na memória. Sejam eles acessíveis
conscientemente ou não. Uma coisa que acontece comigo é que de alguma forma,
tudo pelo que passo gera algum tipo de sentimento. Um relacionamento do
passado, um filme que assisti ontem, o café da manhã etc. Tudo cria uma memória
e gera uma informação. Esses “dados” vão pro arquivo do cérebro e ficam lá, na
forma de potencial, até o dia que afloram e se mostram em ato. Compreende? Vivemos
uma realidade de infinitas possibilidades, e isso é maravilhoso.
- A teoria da origem embrionária (cotovelos x
partes sexuais femininas) é realmente uma teoria existente? Você já tentou
comprovar isso?
Hahahahaha
olha, vou começar a fazer esse experimento pra testar a teoria. Hahahaha mas
tenho certeza que não existe. Essa teoria é uma maluquice do Leo (personagem do
livro). Apenas isso.
- VOCÊ tem um arquivo punheta? Hihi, se não for
demais pode nos dizer algumas “famosas” que estão lá?
Tenho,
claro. Heheheh sem ele eu estaria no hospício. Pra ser sincero, a maioria das
integrantes do meu arquivo não são famosas. São mulheres “reais”, que caminham
entre nós. Digamos que ex-parceiras, ou pode ser também a moça da padaria, a
mulher do pastel, a professora da academia, a menina da biblioteca etc. Mas a
principal de todas, a que tem um arquivo só dela, minha kryptonita, minha amada
imortal, alguém do passado, isso é segredo que levarei até o túmulo, mas ela
existe. Minha Top 1. Hehehe Mas pra tirar sua curiosidade vou indicar três
famosas que poderiam entrar no meu Arquivo Punheta: Silvia Saint, Aletta Ocean
e Alexis Texas.
- Se tiver, pode nos dizer alguma experiência sua
que você colocou no livro?
A festa na
casa da Bruxa. O quartinho ao lado da biblioteca na escola. Os estudos
musicais. Descer as escadas do prédio correndo e ouvindo The Invisible Man
(Queen). Ir pra igreja pra conhecer “alguém” em especial. A Mulher Vitruviana.
A brincadeira com os 3 itens na ilha do Lost. Visitar academias pra conhecer os
“aparelhos”. E outras cenas “íntimas” que não posso revelar. hehehehe
- Você se inspirou em algo específico para
escrever esse livro? Já que ele é tão diferente do gênero anterior.
Sim. Queria
algo bem comédia, por isso me inspirei no Porta Dos Fundos e Se Beber, Não
Case. Com uma pitada de Two and a Hal Man e The Big Bang
Theory.
- Durante a leitura do livro, percebi a referência
a várias séries, pode nos dizer algumas que assiste?
Lost e
Friends. As duas que estão no meu Top 1 Eterno. (Das atuais estou acompanhando
apenas Arrow e The Flash.)
- Existe algum Leo na sua vida?
Um Leo como
mostrado no livro, graças a Deus não. Heheh Imagina ter um amigo daquele. Deus
me livre! Agora um Leo mais “calmo” todos temos. Mesmo que não seja um amigo,
mas talvez aquela vozinha na nossa cabeça que instiga a fazer coisas “erradas”.
E aí você tem que silenciar a voz e fazer a coisa certa.
- Qual foi o maior desafio ao escrever esse livro,
a base 10 ou as “aventuras” dos três amigos?
As
aventuras, sem dúvida. São tantas loucuras que às vezes até eu fico maluco. Por
isso tenho que tomar cuidado pra não deixar o Você virar Eu.
- Nos explique a Base 10, por favor.
Base 10 foi
o estilo literário que criei pra escrever o Solteiro Sofre Demais. Busquei na
matemática a estrutura. Basicamente é 100, 101 e 102.
Que nada mais é do que: 1, 10 e 100. A divisão é o seguinte. Cada capítulo tem
10 parágrafos; cada parágrafo tem 100 palavras (elementos). Só isso. O livro é
todo contado. Esses parágrafos com 100 elementos gera uma leitura muito fácil e
corrida, bem dinâmica mesmo. São 77 capítulos, 770 parágrafos e 77.000
palavras. Fiz experimentos com leitores e constatei que a leitura por capitulo
é de 5 a 7 minutos. Então os leitores lerão o Solteiro muito rápido. Os
parágrafos são assim pra lembrar a estrutura de posts de internet, um coisa bem
disparada mesmo. Pra estimular mais a leitura. Essa é a matemática por trás da
obra. “Base 10, facilitando sua leitura!” Viu? Pode ser o slogan. hehe
- Podemos esperar uma continuação do livro para o
próximo ano?
Podem
esperar continuações infinitas. Se os leitores pedirem, estará lá, em cada
esquina, mais um Solteiro novinho pra vocês. Aliás, o Solteiro 2 já está em
produção. E agora o Leo tá muito pior, nossa. Coitado do Larry.
- Hahaha agora, uma pergunta que não posso deixar
de fazer, como é que está lidando com todo assédio que tem recebido??
Tenho visto muitas admiradoras suas e a quantidade de elogios que vem recebendo (e não é pelo seu super talento como escritor), está sendo muito diferente do que foi com o primeiro livro? Se sim, acha que isso é devido ao gênero literário e mais importante, como James lidaria com isso?
Tenho visto muitas admiradoras suas e a quantidade de elogios que vem recebendo (e não é pelo seu super talento como escritor), está sendo muito diferente do que foi com o primeiro livro? Se sim, acha que isso é devido ao gênero literário e mais importante, como James lidaria com isso?
Ah, que
nada. Não recebi assédio ainda. To esperando. Heheh Bom, está diferente sim. A
pegada do Solteiro é bem diferente dos meus outros livros, né? Solteiro Sofre
Demais é um produto que chamo de holístico, abrange o todo. É pra todas as
idades e sexo. Por isso alcança mais gente, né? O gênero ajuda sim, por ser uma
novidade, chama mais atenção. Sempre falo que o estranho é sinal de novo. E
tudo que é novo é interessante. Por isso queria fazer algo bem estranho hehehe
E o Larry ia adorar esse “assédio”, ele iria arquivar todas as admiradoras no
arquivo dele. E claro, ia só olhar. Porque esse é o paradoxo atual, né? Olhar e
não poder tocar. Hehehe Coitado do Larry.
- Defina “Solteiro Sofre Demais” (livro).
Solteiro
Sofre Demais, em essência, se refere a todos nós. Ambos os sexos. Como abordado
no livro, os personagens estão conectados às tecnologias. Internet no celular,
aplicativos, Tinder, WhatsApp. Todas essas coisas que vieram pra unir o mundo,
mas, que por mau uso, estão nos separando. E aí que entra o SOLTEIRO. Digo que
estamos vivendo num mundo cada vez mais uno e globalizado. Estamos todos
conectados, porém nos separamos mais e mais. A tecnologia nos unindo e o mau
uso nos separando. E essa visão é ridicularizada no livro, claro, pra se criar
o teor cômico. Mas a verdade é preocupante, pois estamos caminhando para uma sociedade
solitária, uma vida de solteiros. Mesmo casados e namorados ou afins, estamos caminhando
para uma situação de singularidade. Ou seja, estamos vendo casais “juntos” que
vivem cada um sua vida de “solteiro”. E isso sim é o maior paradoxo atual.
Pessoas juntas e distantes, entende? Repare, a gente sai e o povo fica só no
celular. A parceira ali do lado do cara, e ele xavecando outras no WhatsApp.
Juntos, contudo solteiros. Essa é a critica que há no Solteiro Sofre Demais, entendeu?
O Larry é o cara que não consegue ter foco. É ele ver uma mulher e começar a
“gostar” dela, até aparecer outra pra começar a “gostar” dessa nova, e assim
vai sofrendo, naquela doideira dele. O Leo tem todos os jeitos e trejeitos
desses caras machista passivo, que acham que estão fazendo a coisa sem maldade,
mas estão carregados de preconceitos sociais. O Freddie é um zen naturalista ao
extremo, que fica chato por ser tão rígido com suas “crenças”. Enfim, são fatos
cotidianos, entende? Abordados de forma crítica dentro da comédia. E por fim,
deixei minha marca em toda a obra, como os elementos da cultura pop. Tudo que
tem no livro faz parte das minhas paixões. Filmes, séries, super-heróis,
Thundercats, Queen, Freddie Mercury, fandangos, Playstation, Star Wars, Senhor
dos Anéis, Matrix. São produtos pop que gosto e fiz questão de homenagear na
obra. Sem falar na Ritinha que existe de verdade. E a locação da obra, praia de
Copacabana, RJ. Escolhi esse lugar porque eu estava justamente lá quando comecei
a escrever o Solteiro. Foi em 2013, na Bienal do Livro do Rio. Eu tinha ido à
praia e analisando o cenário surgiu uma voz na minha cabeça dizendo: “A
história é sua...”
Eu AMEI o
livro, foi uma experiência completamente diferente pra mim. Já havia lido
muitos chick lit e livros de comédia mas, nenhum tão voltado ao público
masculino mas que, ao mesmo tempo agradasse o feminino junto. O autor falou das
mulheres sem nenhum machismo, simplesmente com toda sinceridade do que um homem
deve pensar, sempre. Nunca tive tanta vontade de entrevistar um autor assim, o
fato de ser tão diferente me fez querer conhecer o que passou pela sua cabeça
enquanto escrevia.
Eu ri MUITO,
morria de vergonha de ler algumas partes (achei algumas bem constrangedoramente
engraçadas), parecia que todo mundo sabia o que eu estava lendo e eu ri muito
disso.
Pra quem ficou curioso sobre o livro e quiser saber um pouquinho mais, abaixo vai o vídeo da resenha que está lá no canal e os links pra quem quiser comprar.
Onde comprar:
Espero de coração que vocês tenham gostado da resenha e da entrevista. Mais uma vez muito obrigada Bruno, por ter concordado em responder essas perguntas constrangedoras e a Adriana da editora Empíreo pela ajuda na entrevista.
Super beijos!!
;**
Amei o vídeo, o livro, as perguntas. Amei tudo. heheh
ResponderExcluirHaha ai que bom *--*
ExcluirQuero ver a Ritinhaaa!! *-*
Tenho três pinscher e amo a raça.
:D
Adorei a entrevista. Vou até compartilhar em meu facebook. Abraços!!
ResponderExcluirOie, que bom que gostou.
ExcluirMuito obrigada!!
:D
Adorei a entrevista e o vídeo muito legal e divertido.
ResponderExcluirParabéns ao escritor.
Parabéns a você,
Obrigada Luciana!
Excluir;)